A minha avó.
A minha avó tem 85 anos!
Está acamada há 7/8 anos porque caiu e fracturou a cabeça do fémur, ainda foi operada mas nunca mais andou.
A minha avó ficou viúva do único homem que amou aos 48 anos. Lembro-me na altura de achar que quando morria o avo a avó também morria, porque segundo os médicos os cérebro dela envelheceu muito, e ficou como se tivesse 80 anos.
Esteve muito tempo de cama e aquilo tudo era muito estranho para mim. Depois lentamente foi voltando à vida.
Era a nossa companhia nas férias, chatinha que só ela, na casa da praia ficava connosco, fazia as refeições - ninguém faz um arroz de feijão como ela, ou sopa de feijão verde, ou pataniscas, ou bacalhau à brás ou puré de batata - ela fazia tudo por nós. Levantava-se cedo ía ao mercado, comprava tudo fresquinho, e era assim todo o verão. O resto do ano era o braço direito da minha mãe.
Na praia enquanto andávamos na água ficava à beira mar a vigiar-nos, e gritava se nos afastávamos.
Fez-se amiga dos nadadores salvadores, e dos nossos amigos que a tratavam por "tia Maria", jogávamos ás cartas com ela, comíamos gelados, mas não podiam ser de água porque faziam mal!
Á noite se não chegássemos à hora marcada ia à nossa procura, e uma vez chegou ao portão do parque de campismo e começou a chamar por mim à meia noite porque eu estava com umas amigas a tocar guitarra e a cantar - mas era hora de ir para casa!
Era uma figura caricata - não era de muitos abraços e beijos, era de carisma, de mostrar o afecto noutras coisas, na sua preocupação com as refeições, com as nossas roupas, com a nossa segurança e com a nossas companhias.
Adoptou o meu marido como verdadeiro neto, e ela adoptou-a como verdadeira avó, enquanto pôde, fez-lhe, na casa da praia, as comidinhas preferidas, o que ele mais gostava para agradar, e isso sabia-me bem.
A sua gargalhada era magnifica - ainda é, mas agora mais suave com a idade que vai pesando.
Ontem foi o dia dela - da minha avó. E eu liguei aos meus pais para os meus filhos darem beijinho aos avós - mas não lhe liguei a ela porque já era tarde...liguei hoje de manhã.
Para ela está sempre tudo bem, sempre de sorriso, e com as ultimas noticias na ponta da língua, seja de politica ou de futebol - hoje perguntou:
- Quando vens cá?
- E eu disse - agora só nas ferias avó, se Deus quiser!
- Pois, se Deus quiser - disse ela.
E nós queremos muito que Deus também queira.
Como ela me costumava dizer para acabar uma conversa que descambava -" rêcetê"!
A minha avó tem 85 anos!
Está acamada há 7/8 anos porque caiu e fracturou a cabeça do fémur, ainda foi operada mas nunca mais andou.
A minha avó ficou viúva do único homem que amou aos 48 anos. Lembro-me na altura de achar que quando morria o avo a avó também morria, porque segundo os médicos os cérebro dela envelheceu muito, e ficou como se tivesse 80 anos.
Esteve muito tempo de cama e aquilo tudo era muito estranho para mim. Depois lentamente foi voltando à vida.
Era a nossa companhia nas férias, chatinha que só ela, na casa da praia ficava connosco, fazia as refeições - ninguém faz um arroz de feijão como ela, ou sopa de feijão verde, ou pataniscas, ou bacalhau à brás ou puré de batata - ela fazia tudo por nós. Levantava-se cedo ía ao mercado, comprava tudo fresquinho, e era assim todo o verão. O resto do ano era o braço direito da minha mãe.
Na praia enquanto andávamos na água ficava à beira mar a vigiar-nos, e gritava se nos afastávamos.
Fez-se amiga dos nadadores salvadores, e dos nossos amigos que a tratavam por "tia Maria", jogávamos ás cartas com ela, comíamos gelados, mas não podiam ser de água porque faziam mal!
Á noite se não chegássemos à hora marcada ia à nossa procura, e uma vez chegou ao portão do parque de campismo e começou a chamar por mim à meia noite porque eu estava com umas amigas a tocar guitarra e a cantar - mas era hora de ir para casa!
Era uma figura caricata - não era de muitos abraços e beijos, era de carisma, de mostrar o afecto noutras coisas, na sua preocupação com as refeições, com as nossas roupas, com a nossa segurança e com a nossas companhias.
Adoptou o meu marido como verdadeiro neto, e ela adoptou-a como verdadeira avó, enquanto pôde, fez-lhe, na casa da praia, as comidinhas preferidas, o que ele mais gostava para agradar, e isso sabia-me bem.
A sua gargalhada era magnifica - ainda é, mas agora mais suave com a idade que vai pesando.
Ontem foi o dia dela - da minha avó. E eu liguei aos meus pais para os meus filhos darem beijinho aos avós - mas não lhe liguei a ela porque já era tarde...liguei hoje de manhã.
Para ela está sempre tudo bem, sempre de sorriso, e com as ultimas noticias na ponta da língua, seja de politica ou de futebol - hoje perguntou:
- Quando vens cá?
- E eu disse - agora só nas ferias avó, se Deus quiser!
- Pois, se Deus quiser - disse ela.
E nós queremos muito que Deus também queira.
Como ela me costumava dizer para acabar uma conversa que descambava -" rêcetê"!
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